segunda-feira, 25 de agosto de 2025

A NOVA LOUCURA DO 'BANANINHA' É GERAR ALARMISMO PARA OS CLIENTES SACAREM EM MASSA OS DEPÓSITOS DOS BANCOS

Não foi  a primeira nem será a última vez que os leitores poderão tomar conhecimento antecipado por aqui do que lerão bem mais tarde na grande imprensa.

No último dia 16 de julho publiquei o post O Bananinha é um parricida político. Nele fiz esta avaliação: O provocador que deu a Trump pretexto para o tarifaço (...) na verdade assassinou politicamente o pai.

Hoje, mais de cinco semanas depois, a análise dos jornalões é a de que agosto está sendo péssimo para o clã Bolsonaro, pois: 
-- a atuação do Eduardo para provocar o caos econômico no Brasi obviamente desagrada nosso povo, que é e será o grande prejudicado pela chantagem tarifária do Trump;
-- o uso, por parte do Bananinha, do baixo calão contra o pai choca grande parte dos brasileiros e desconstrói a fake news de que a ultradireita seria uma força representativa da família (!) brasileira;
-- o enfraquecimento político do bolsonarismo está inclusive levando os políticos do Centrão a se indagarem se não é chegado o momento ideal para emparedar a extrema-direita, cujo radicalismo atrapalha seu plano eleitoral para 2026, qual seja o de personificar um bolsonarismo sem Bolsonaro, sem loucuras  e sem turbulência política;
-- depois do tiro no pé em que se constituiu a atuação do Eduardo incentivando Trump a tomar medidas contra os interesses brasileiros, ele e seus aloprados compraram mais brigas que lhes trarão máximo prejuízo, primeiramente contra os presidentes da Câmara e do Senado, depois contra os bancos!!!

Eu não errei na grafia: os tresloucados estão iniciando uma campanha contra os agiotas modernos, aqueles com os quais até o PT evita bater de frente! Pretendem criar tamanho alarmismo que provoque uma corrida dos clientes para retirarem em massa os seus depósitos dos bancos brasileiros. 

São tão juvenis que não perceberam ainda que os grandes bancos têm no Brasil poder maior do que muitos governos estaduais. Ao colocá-los contra si, a extrema-direita vai me ajudar a viabilizar outra das minhas previsões arrojadas: Quando voltar a ser elegível, Jair Bolsonaro terá dificuldade para ganhar até eleição de vereador. (por Celso Lungaretti)

domingo, 24 de agosto de 2025

TUDO NELES NOS REVIRA O ESTÔMAGO! MAS COM GENTE É DIFERENTE...

Sei que parecerá oportunismo de minha parte, mas, mesmo assim, vou contar como o conflito de gerações se desenrolava entre civilizados no seu momento mais agudo. Pois as baixarias com as quais ele agora se trava entre os ratos de esgoto dão-me ganas de vomitar.

Depois de sair quase destruído dos porões da ditadura, fiquei pouquíssimo tempo com meus pais. Estava uma pilha de nervos. Queria de qualquer forma reagir ao achatamento de personalidade que sofrera. Precisava desabafar, mas como? Com quem? Nunca sentira tanto ódio me corroendo por dentro.

Aí, provavelmente por meu pai ter tentado me acalmar, reagi de uma maneira injusta: toquei várias vezes seguidas na vitrola a canção Sr. Cidadão, do TomZé.

Como se meu pai fosse um conservador; só que não era. 

E como se eu não tivesse um enorme dever de gratidão pelo ano que ele passara indo a cada duas semanas me visitar na PE da Vila Militar, com seu velho fusca caindo aos pedaços, só por milagre não quebrando na serra das Araras (Via Dutra).

Ele ouvira a música quieto, mas algumas horas depois pediu para eu tocá-la de novo. Percebi que me excedera e disse para não levar aquilo a sério, tinha sido só coisa de momento. 

Mas, adiante, até muito tempo depois, ele continuava pedindo para ouvir de novo o Tomzé. Deve ter-se tornado uma espécie de símbolo para ele. Da minha ingratidão? Provavelmente.

Também eu tirei uma conclusão do ocorrido: percebi que não me encontrava em condições de viver com a família, estava explosivo demais. Alguns dias depois fui com o pouco que consegui botar nua sacola para a comunidade alternativa que amigos haviam montado no Jardim Bonfiglioli, próxima à USP, para a qual haviam me convidado.

Decisão providencial. Eles sim sabiam o que eu estava passando e como me ajudar naquele momento. Todos, de uma ou outra forma, estávamos alterados pela necessidade de não
darmos bandeira fora das quatro paredes entre as quais, e só entre elas, podíamos ser nós mesmos naquele período nefando.

Mesmo assim, não passava as 24 horas do dia na comunidade, e foi a minha pior fase de loucuras. Como se procurasse o perigo, para sentir que ainda conseguia derrotá-lo. 

E vinha utilizando o LSD que eventualmente conseguia obter para aclarar a minha mente (tinha até dúvidas sobre lembranças do DOI-Codi que não sabia se eram reais ou meros pesadelos), então corri reais riscos de ser preso de novo, como dependente químico. 

Só que, de alguma forma, o inferno pelo qual passara me dotara de uma capacidade que antes não tinha de safar-me dos perigos. Era um kamikaze teimando em sobreviver. Até que numa viagem dessas, vi uma ponte à minha frente e sabia que, se a atravessasse, ficaria para sempre naquele limbo. Resolvi não o fazer. E nunca mais repeti esse tipo de viagem. 

Passei a juntar os cacos da minha existência, até porque nesse exato período a comunidade implodiu e tive de buscar meu caminho sem a família e sem os velhos companheiros. Acabei alugando uma pequena quitinete com minha última namorada e arrumando um emprego em assessoria de imprensa. Decidira sobreviver, com a esperança de um dia lutar de novo.

E o relacionamento com meus pais voltou ao normal. Toda noite de sábado eu e minha namorada os visitávamos levando pizza e passávamos horas jogando buraco. Mais tarde, quando chegou a onda do VHS, tive a satisfação de conseguir para o velho vários filmes dos mocinhos de bang-bang que ele curtira quando jovem. Era coisa rara, difícil de encontrar.

Na verdade, ele não era conservador. como também não era comunista. Era getulista, portanto nacionalista, de ficar mostrando aos conhecidos o célebre panfleto   Um dia na vida do BrasilinoChorou quando Vargas cometeu suicídio e amiúde falava cobras e lagartos contra o imperialismo.

Tinha o trauma de haver perdido o pai com 11 anos de idade, assassinado com um tiro nas costas por um subalterno a quem demitira (era mestre de uma tecelagem no RJ)  Assim, da noite para o dia passou a levar vida de adulto, obrigado a trabalhar em período integral para botar o pão na mesa familiar. Parentes ajudaram a conseguir-lhe emprego com a idade que tinha, embora o mínimo legal fosse 14 anos.

A tragédia o tornou cauteloso, tinha receio de ser também assassinado e me legar o mesmo sacrifício. Então admirei-o intensamente ao tomar conhecimento do que se passara quando o DOI-Codi foi finalmente me procurar, em vão porque eu já estava fora de casa havia alguns meses. 

Depois de revistarem tudo e não acharem nada (eu fizera uma limpeza em regra antes de sair), um oficial tentou convencê-lo a me recomendar a rendição, pois só assim eles poderiam me ajudar.

Ele, que passara a vida inteira mantendo-se longe de encrencas, daquela vez não se conteve: "E foi para ajudar o meu filho que vocês vieram aqui em plena madrugada e viraram minha casa de cabeça para baixo, exibindo toda essa artilharia?". 

Quase o levaram preso. (por Celso Lungaretti)
"Ah, senhor cidadão, eu quero saber com
quantos quilos de medo se faz uma tradição" 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O BRASIL INTEIRO ESTÁ SABENDO QUE O 'BANANINHA' MANDOU O PAI TOMAR CAJU. ENTÃO, O FILME DO DIA É "CRIA CUERVOS".

O ditado espanhol Cria corvos e eles te arrancarão os olhos foi a primeira ilação que me veio à mente ao ficar sabendo que, no meio de toda a imundície que a Polícia Federal encontrou nas mensagens trocadas pelos membros do clã Bolsonaro entre si e com seus principais seguidores, encontrava-se esta do Eduardo Bolsonaro para o Jair: VTNC, seu ingrato do caralho!

O motivo teria sido a relutância do Bozo em prestar vassalagem ao rotten orange (laranja podre) que, como presidente do país que ainda é o mais poderoso do planeta, desceu ao nível de um reles mafioso ao chantagear o Executivo e o Judiciário brasileiros, na alegada defesa da impunidade do palhaço (e, principalmente, do direito divino de as empresas high tech fazerem suas lavagens cerebrais onde bem entenderem, violentando a soberania alheia).  

Desta vez o filme que garimpamos caiu como uma luva. Clássico de 1976 do cinema espanhol, com direção e roteiro do grande Carlos Saura, é sobre as lembranças de uma mulher que acredita haver possuído, quando criança, poderes mágicos e com eles ter causado a morte do pai. 

Até a etapa na vida dos dois personagens coincide, pois o bananinha parece ter agora exatamente a idade mental da menininha em tal momento do filme: nove anos. 

Só encontrei o Cria Cuervos falado em espanhol e sem legendas, além de estar indisponível nos streamings. Mas dá para compreendê-lo perfeitamente. Afinal, somos todos latinos, embora amiúde o esqueçamos... (por Celso Lungaretti)  

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

ULTRADIREITISTAS REIVINDICAM O DIREITO À PERNADA E QUEREM AS SUAS MULHERES USANDO CINTOS DE CASTIDADE

rui martins
MULHERES NÃO DEVEM VOTAR
Abusadas as mulheres eram, mas é discutível que 
amos desfrutassem suas súditas na noite de bodas
  
D
ois anos atrás, quando li a distopia do escritor Douglas Kennedy sobre uma secessão nos Estados Unidos em 2045, graças à vitória dos retrógrados numa nova guerra civil, achei um tanto excessivo. 

A história começa com uma atriz de teatro nova-iorquina, trans e judia, sendo queimada viva por haver proferido em cena reflexões consideradas blasfemas sobre Jesus, que estaria morrendo de medo antes de ser crucificado.

Donald Trump já era um possível pesadelo, porém ninguém poderia então imaginar nem um terço do que vem sendo por ele praticado nestes primeiros meses de governo.

Com a eternidade que ainda lhe resta, nada parece impossível em termos de rompimento com a tradição democrática estadunidense. 

Ninguém pode se considerar seguro num país sem garantia por tempo de serviço nem garantia de função, onde ministros, professores, reitores, altos funcionários públicos são demitidos e onde Trump parece empenhado em limpar da história os lados negros da escravidão com uma triagem nas bibliotecas. 

Em breve haverá uma revisão nos programas escolares e já se pode prever censura política nos cenários de filmes e na edição de livros.

Estarei também sendo excessivo como critiquei o escritor Douglas Kennedy? Talvez não, infelizmente.
Os chaveiros torcem para esta moda
voltar: ela os tornaria riquíssimos!
A Idade Média chegou ao fim, entre outros fatores, com a invenção da prensa de Gutenberg, facilitando o acesso ao conhecimento pelos livros e principalmente à livre interpretação dos textos sagrados. Uma importante consequência foi a Reforma acabando com a primazia da Igreja Católica e permitindo a prática independente do culto cristão, sem submissão aos dogmas papais.

Pouco a pouco, o poder religioso de Roma foi se esvaecendo, enquanto o fim do feudalismo, transformações sociais, revoluções e crises econômicas impulsionaram na direção de formas democráticas de governo, até sobrevirem as atuais grandes concentrações econômicas, oligarquias,  convivendo com ditaduras políticas e teocracias.

Isto sem esquecermos das novas tecnologias de comunicação, das high tech geradoras das redes sociais e de novos tipos de comunicações humanas imediatas, tudo conectado à inteligência artificial.

Serão  os albores de um novo mundo e de novas conquistas sociais? Aparentemente não. Ao contrário, esses albores parecem anunciar o advento de tempos piores ainda do que estes que já vividos.
 
Sucessos de livraria na Europa, os livros do escritor italiano Giuliano da Empoli A Hora dos Predadores e Os Engenheiros do Caos também não são obras de premonição, mas tratam da nossa realidade.

Um mundo de populistas da laia do Trump e do Bolsonaro, cuja incompetência e erros se transformam em qualidades para seus eleitores, é o que nos espera, segundo as apresentações desses dois livros.

Porém, eles teriam sido  incapazes de ir mais longe se não fossem apoiados pelos especialistas do Big Data. Pessoas desconhecidas do grande público estão mudando as regras da política que, paradoxalmente, parecem provocar ou ameaçam provocar uma enorme marcha-a-ré nas relações internacionais e sociais do nosso mundo. 
O lar de um homem é mesmo o seu castelo?

Por que essa forte dose de descrença? Vale atentarmos, p. ex., para mais um dos projetos retrôs do governo Trump, anunciados pela imprensa-- o de retirar das mulheres o direito ao voto.  

Num comunicado trocado com pastores evangélicos dos EUA, o ministro da defesa Pete Hegseth mostrou-se favorável ao fim do voto feminino e à sujeição das esposas ao seu marido, ao republicar no X um trecho das entrevistas de pastores evangélicos contra o voto feminino.

Isso no contexto de declarações do pastor Dough Wilson, das Igrejas Reformadas Evangélicas, sobre os EUA existindo num mundo cristão sem mulheres participando das Forças Armadas. 

Para reforçar essas tomadas de posição contra a liberdade e igualdade das mulheres com os homens, outro pastor declarou à CNN que, numa sociedade cristã ideal, o voto seria por família representada pelo marido. 

Com esse tipo de regressão, as estadunidenses evangélicas acabarão perdendo seus direitos e se tornarão como as mulheres iranianas e islâmicas (que podem votar), cidadãs de segunda classe. (por Rui Martins)

AGORA QUE A ARGENTINA VIROU DESTINO DA FUGA DAS GALINHAS, A MÚSICA DO DIA NÃO PODERIA SER OUTRA: "CAMBALACHE".

Composto por Enrique Santos Discépolo em 1934, o tango Cambalache é uma ironia mordaz sobre a sociedade argentina da época, na qual os valores se confundiam, o bem e o mal se alternavam ao sabor dos acasos cotidianos, a esperteza e a corrupção prevaleciam sobre a honestidade e o mérito, figuras históricas e fictícias exerciam a mesma influência sobre os cidadãos baratinados.

Também nos dias de hoje está tudo misturado, tanto que o cidadão pessoalmente mais covarde que um dia já deve ter liderado brucutus da extrema-direita ainda consegue ter seguidores nessa seita, após haver em três ocasiões agendado tentativas de golpe de estado, em duas delas refugado e na terceira colocado um oceano de distância entre ele mesmo e o palco dos acontecimentos.

Jair Bolsonaro tem tudo a ver com a distopia musical de Discépolo, daí haver sido exatamente a Argentina o país que escolheu para uma eventual
fuga das galinhas depois que a Hungria ficou manjada para tal finalidade... 

Talvez o Jair sonhe mesmo com uma terra onde Todo es igual! / Nada es mejor! / Lo mismo un burro que un gran profesor!

Afinal, un gran profesor é o que ele nunca foi e nem que vivesse mil anos se tornaria. (por Celso Lungaretti)

Afinal, un gran profesor é o que ele nunca foi e jamais será. (por Celso Lungaretti)

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

NEYMAR CHORA PELO CLUBE QUE ELE ESTÁ SANGRANDO SEM A MÍNIMA COMPAIXÃO

Esta é uma foto histórica: trata-se do registro perfeito do dia em que uma das maiores lendas do futebol mundial desfez-se em pó e foi varrida pelo vento.

Mesmo atuando como mandante, o Santos sofreu neste domingo, 17 de agosto de 2025, uma vexatória goleada: 6x0. 

E o pior é que tal humilhação não lhe adveio de uma das equipes líderes da tabela, mas sim  da fraquíssima representação do Vasco da Gama, 16ª colocada da série A do campeonato brasileiro e uma das quatro recordistas de quedas para a série B (quatro vezes cada!), com grande chance de terminar a atual temporada isolada como a pior das piores. 

É o melancólico final da trajetória de glórias iniciada pelo Santos em 1955, quando conquistou o segundo campeonato paulista de sua história e, na sequência, passou a ganhar quase tudo que disputava no Brasil. 

Depois, em 1962, foi a vez do planeta bola inteiro prostrar-se aos pés de Pelé e seus companheiros, principalmente por terem conquistado o Mundial de clubes destruindo o poderoso Benfica em pleno estádio da Luz, Lisboa, por sonoros 5x2!  

Foram três gols do Pelé, um do Coutinho e um do Pepe, depois de já terem vencido o jogo de ida por 3x2 no Maracanã.

E veio o bi mundial no ano seguinte, mesmo perdendo a partida inicial para o Milan (por 4x2, na Itália). 
Devolveu o placar no Maracanã, em jornada heroica, pois terminou a primeira etapa sendo derrotado por 2x0, com a ausência do contundido Pelé. Aí desabou um temporal no intervalo e o campo encharcado foi um convite para os petardos de Pepe, que marcou dois tentos cobrando faltas. 

O substituto do Pelé, Almir, fez o jogo de sua vida. Estava, contudo, visivelmente alterado (naquele tempo não se controlava o doping), a ponto de, embora baixinho, atemorizar os zagueiros grandalhões italianos.

No desempate marcado para dois dias depois, novamente no Maracanã, o Santos venceu por 1x0. 

Décadas adiante seu bi mundial foi anulado pelos cartolas da Fifa, porque se tratara apenas de uma disputa do campeão da Europa contra o campeão das Américas. 

Só que as equipes dos outros continentes não passavam de sacos de pancadas. Então, eu e muitos comentaristas esportivos nos recusamos a aceitar tal revisionismo ridículo. Copa Intercontinental? Uma ova!   

O apogeu do Santos durou durou até o final da década de 1960 e foi suficiente para a Fifa considerá-lo o melhor time do mundo no século passado. 

Sua decadência se daria paralelamente ao próprio declínio econômico dos municípios do litoral sul paulista, que deixou de ser o destino preferido pelos turistas mais endinheirados à medida que o acesso ao litoral Norte  por via rodoviária melhorou.  Ubatuba tomou, então, o lugar do Guarujá. 

De quebra, a corrupção corroeu o Santos por dentro, principalmente a partir da construção de um questionadíssimo balneário.

Agora, pouco mais de meio século  após ter deixado de pertencer à elite do futebol brasileiro, consolida-se a queda do Santos para uma prateleira mais baixa ainda: a dos times que disputam o Brasileirão para escaparem do descenso e não para serem campeões.

E, depois de sofrer em 2005, pelo placar de 7x1, a revanche do Corinthians (que tantas vezes goleara outrora e ao qual impusera um tabu de 11 anos sem ceder uma única vitória), chegou a vez de ser feito de gato e sapato por um clube tão decadente quanto ele próprio. O fundo do poço.

E não poderia ser outro que não Neymar o símbolo choramingas  do novo vexame --, pois,  mesmo semi-aposentado, ele conseguiu arrancar do Santos um contrato  de valor estratosférico. 

Seu clube formador está sendo por ele sangrado sem a mínima compaixão, devido à ingenuidade de haver acreditado que resgataria a grandeza passada rendendo-se aos caprichos de uma única estrela... ainda por cima cadente. 

O choro desse marmanjo mimado de 33 anos  confirma ainda não lhe ter caído a ficha de que há muito não é mais o Menino Ney. Agora não passa de um adulto mal resolvido, cuja carreira agoniza porque o desleixo  em relação a ela o deixou com canela de vidro

Por ter-se recusado a amadurecer, Neymar desperdiçou o maior talento futebolístico revelado pelo Brasil depois da era Pelé(por Celso Lungaretti)

sábado, 16 de agosto de 2025

MACACO QUE MUITO PULA QUER CHUMBO: AS MICAGENS DO 'BANANINHA' FAZEM A DIREITA RECHAÇAR BOLSONARO.

Interessado em herdar votos do inelegível Jair Bolsonaro, o presidenciável Tarcísio de Freitas fingiu ter esquecido quem é o personagem político mais prejudicial para o Brasil neste momento, ao afirmar que "o Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula".

É uma jogada que faz sentido, porque não há hipótese de o país vergar-se à chantagem do Donald Trump para salvar o Jair da condenação como golpista. No entanto, o que o palhaço ultradireitista dos EUA está conseguindo é apenas dar o tiro de misericórdia nas chances do bufão ultradireitista do Brasil. 

Tarcísio faz média com o Jair  porque não tem dúvidas quanto a ser ele uma carta fora do baralho, portanto inofensiva para seu objetivo maior. Daí a tentativa de seduzir o gado bolsonarista com tal frase de amoralismo explícito e oportunismo rasteiro.

Mas, expôs-se ao contra-ataque daqueles direitistas que ainda conservam a sanidade mental e sabem muito bem que o Brasil, acima de tudo, não aguenta mais governantes capazes de condenar ao extermínio centenas de milhares de seus governados apenas por pirraça contra a ciência (como fez o Jair ao sabotar a vacinação e induzir o uso de placebos fatais durante a epidemia de covid 19). 

Eu nunca fui nem sou devoto do reformista Lula, pois a situação trágica dos explorados e excluídos brasileiros não comporta soluções meia-boca como a simples maquilagem do capitalismo extremamente predatório aqui dominante. 

Desviar algumas migalhas do banquete dos poderosos para a mesa dos pobres é tão inócuo quanto atirar num crocodilo com um estilingue. 

Mas faltaria à verdade se não reconhecesse que todos os prejuízos causados ao Brasil pelo Lula durante a vida inteira são irrisórios se comparados ao catastrófico mandato presidencial do Jair,

Então, os conservadores que não embarcaram no trem fantasma bolsonarista estão capitalizando tal vacilada do Tarcísio. E o jornal O Estado de S. Paulo, que os representa, lançou neste sábado (16) um editorial contundente, destacando que "o Brasil não aguenta mais o bolsonarismo também". Foi convincente:
"O antipetismo viabilizou a ascensão de Bolsonaro, e o antibolsonarismo viabilizou o retorno de Lula, mantendo o País cativo de um ciclo infernal de ressentimento, radicalização e estagnação. Rompê-lo é condição para avançar".   
De resto, será hilário se a atuação repulsiva de Eduardo Bolsonaro junto ao governo estadunidense for punida com uma consequência diametralmente oposta à pretendida. O que, entretanto, jamais deverá servir de desculpa para a Câmara Federal não cassar seu mandato e para a Procuradoria Geral da República não denunciá-lo por traição à pátria. (por Celso Lungaretti) 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O CORDÃO DOS PUXA-SACO (DO DONALD TRUMP) CADA VEZ AUMENTA MAIS...

Pôster do símbolo da vergonha
francesa que foi o governo de Vichy
rui martins
SOBERANIA NACIONAL É
PARA SER RESPEITADA
Um grupo de nove governadores se reuniu na casa do governador do Distrito federal, Ibaneis Rocha, para discutir o tarifaço. Até aí, tudo bem.

Mas, o fizeram sem sequer mencionarem as ações desenvolvidas junto ao governo estadunidense pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro e às ameaças, chantagem e ingerências na soberania brasileira feitas pelo presidente Donald Trump com o objetivo de forçar o Supremo Tribunal Federal a anular o processo por golpismo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e lhe conceder uma ampla anistia para poder disputar as eleições presidenciais no próximo ano.

Ignorando o aspecto político do tarifaço aplicado ao Brasil, os governadores, representados junto à imprensa pelo governador Tarcísio de Freitas, se limitaram a criticar o presidente Lula por não ter ido a Washington negociar com Trump, como se não soubessem das tratativas feitas pelo vice-presidente Geraldo Alkmin. 

Essa abordagem, também utilizada numa entrevista pelo governador mineiro Romeu Zema, foi considerada como discurso de palanque com objetivo eleitoral pelo comentarista da Jovem Pan Cristiano Vilela, dado o resultado colhido por quem procedeu de tal maneira: a presidenta suíça Karin Keller-Sutter voou para Washington assim que seu país foi taxado em 39%, mas nem sequer foi recebida por Trump e voltou com as mãos abanando.

No caso do Brasil a situação se complica, pois as ameaças de Trump repercutidas pela própria embaixada dos EUA em Brasília e a ingerência ditando o que deve fazer o Judiciário brasileiro, consideradas pelo presidente Lula como atentatórias à soberania nacional, impedem uma negociação direta. Muitos comentários na imprensa são pela defesa da soberania brasileira e contra uma interferência estadunidense  no Judiciário brsileiro.

A posição assumida pelos governadores avestruzes, que devem estar com a cabeça enterrada na areia para não enxergarem a afronta na qual se constituem os ultimatos de Trump, nos fez lembrar de um episódio de 85 anos atrás. Mesmo depois da invasão da França pelas tropas nazistas havia políticos complacentes com Hitler, a ponto de constituírem um governo colaboracionista, comandado pelo marechal Philippe Pétain e Pierre Laval, o chamado regime de Vichy (1940-1944). 
Caiado, 1989, líder de jagunços na guerra do Pontal

Tal regime de sujeição voluntária aos invasores alemães transformou em leis francesas as exigências de Hitler. Foi o caso do envio dos judeus aos campos de concentração e extermínio nazistas, num plano antissemita de genocídio. 

O lema Deutsche Uber Alles (Alemanha Acima de Tudo) foi copiado no Brasil Acima de Tudo, da extrema direita evangélico-bolsonarista e não difere em muito do Make America Greater Again  (Faça a América Grande de Novo).

Trump não é Hitler, mas está evidentemente assumindo atitudes despóticas, inclusive dentro dos EUA. Interfere no funcionamento da Justiça e na rotina das universidades., Atropela os direitos humanos no tratamento e expulsão  dos imigrantes, convocando um reforço da Guarda Nacional em Washington como quem se prepara para aumentar seu poder discricionário e impedir resistências. 

Não se falava, na época, em Hitler ungido por Deus, mas uma grande parte da igreja luterana alemã apoiava Hitler e -- ao contrário da teologia do domínio criada nos EUA pelos pentecostais, baseada no Deus guerreiro do Velho Testamento -- a extrema-direita religiosa hitlerista queria se desfazer da herança judaica do cristianismo por um Jesus ariano. A igreja luterana anti-Hitler teve dois mártires, executados pelo governo nazista: Martin Niemoller e Dietrich Bonhoeffer

Por que essa equiparação ao regime colaboracionista de Vichy? Porque numa entrevista ao UOL, apesar da insistência de três entrevistadores, o governador Ronaldo Caiado  minimizou, ignorou, descartou hipocritamente a evidência de que o tarifaço de Trump contra o Brasil é político. 
Tarcísio e Zema: volta à aliança café com leite

Caiado, que presidia a União Democrática Ruralista quando esta trocava tiros com o MST no Pontal do Paranapanema (SP), mostra que três décadas e meia depois ele em nada mudou, complacente com Trump mas criticando a reação altaneira do presidente Lula, como se o Brasil fosse obrigado a se sujeitar aos desmandos arrogantes dos EUA. 

Lula deveria ter ido a Washington negociar com Trump sobre até onde vai a soberania brasileira e até onde podem legislar os ministros do Supremo Tribunal Federal?

Caiado, assim como Romeu Zema (MG) e Tarcísio de Freitas (SP), aceita que o Brasil seja submetido a um tratamento de colônia ou de país sujeito às leis e pressões autocráticas de um presidente estrangeiro, desvinculadas das normas internacionais de regulação do comércio exterior e taxas aduaneiras? 

Em caso afirmativo, esses três líderes presidenciáveis estariam abrindo mão da soberania e independência brasileiras, em favor de uma relação de sujeição e colaboração com os EUA, inspirada na França de Vichy.

Há também algo estranho nas últimas críticas do governo Trump ao Brasil, focadas no desrespeito aos direitos humanos e violências policiais. Não passaram despercebidas as denúncias às violências cometidas pela polícia de Guilherme Derrite, secretário de confiança do governador Tarcísio de Freitas.
O bananinha diz que aceita a missão de ser presidente.
Resta saber de qual país, Brasil ou Estados Unidos?

Detalhe: os articuladores e fornecedores de informações ao secretário de Estado dos EUA Marco Rubio e ao presidente Trump, contrárias ao governo e ao Judiciário brasileiros, são o neto do ditador João Figueiredo, Paulo Figueiredo, e o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, auto-candidato à sucessão de Lula e preferido pelo pai. 

Cabe, portanto, a suspeita de que tais denúncias sejam destinadas a inviabilizar junto a Trump uma candidatura, nas próximas eleições, do nome de Tarcísio de Freitas. Uma espécie de fogo amigo. (por Rui Martins)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

DANDO COMO ASSEGURADA A PRISÃO DO BOLSONARO, JORNALÕES REPENSAM AS SUAS LINHAS DE ATUAÇÃO A PARTIR DAÍ

Manifestação na porta da Folha contra o editorial que
qualificou de comedida a ditadura militar brasileira
Leitores que conseguem captar o que está nas entrelinhas das notícias percebem que a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo começam a movimentar-se para a direita, adotando vieses mais desfavoráveis a Lula e a Alexandre de Moraes. 

Resta saber até onde vai a alteração de rumo, por enquanto mais acentuada na Folha

Se será apenas uma reação à retomada de algumas velhas palavras de ordem populistas do século passado por parte do PT (voltou a falar no abismo entre pobres e ricos, sem, contudo reassumir a luta de classes e a obrigatoriedade de superação do capitalismo) ou há algo de mais podre ainda no balaio. Fico com a primeira hipótese.

O Estadão é quem mantém a posição mais firme quanto ao golpismo: é totalmente avesso ao bolsonarismo e favorável  à rigorosa punição da ralé estridente que lambe os sapatos de bilionários dos EUA. Critica algumas medidas de Moraes e do Supremo que considera excessivas, mas sem absolver os piores culpados pela insegurança institucional. Já no Governo Lula voltou a bater pesado, após um período em que pareceu poupá-lo para não favorecer a extrema-direita 

Ziguezagues mais ou menos acentuados marcam toda a trajetória desses dos jornalões. 

A Folha de S. Paulo, cúmplice da ditadura militar de 1964/85, não só sintonizava seu conteúdo com os interesses do regime totalitário, como chegava a ceder suas viaturas para a repressão e a facilitar a prisão dos profissionais da casa, que eram chamados à portaria para atender visitantes e nela encontravam equipes do Deops ou DOI-Codi.
Nos terríveis anos Médici, o Estadão preenchia com
trechos de poesias o espaço das notícias censuradas
Uma atitude diametralmente oposta à do
Grupo Estado, cuja família proprietária, embora participante civil destacada do complô para usurpação do poder em 1964, preservava, pelo menos, sua dignidade pessoal. 

Ninguém esquece a frase de um dos Mesquitas, após ordenar à equipe de segurança que impedisse a entrada da repressão no saudoso prédio da rua Major Quedinho para prender um profissional da casa: "Ele pode ser subversivo lá fora, mas aqui dentro é meu jornalista".

Dizimados os efetivos da luta armada, Ernesto Geisel assumiu o poder em março/1974 e começou a implementar sua abertura lenta, gradual e progressiva, desmantelando aos poucos a engrenagem de terrorismo de estado que se tornara dispensável.

Foi quando Golbery do Couto e Silva, eminência parda do governo que se iniciava, cochichou ao Otávio Frias pai: como Geisel, qual um déspota esclarecido, pretendia flexibilizar aos poucos a censura até extingui-la, convinha à Folha assumir uma postura mais crítica, não deixando O Estado de S. Paulo ocupar sozinho o espaço, que se abriria, de oposição jornalística (consentida) ao regime.

Assim, foi por orientação do próprio feiticeiro da ditadura que um grupo de imprensa servil e submisso se travestiu de independente. Mas, claro, isto só se tornou conhecido dos leitores muito tempo depois.
A Folha saudando a marcha da família próspera,
com Asmodeus, pela supressão da liberdade...
 

Perspicazes, os Frias perceberam que, surfando nessa onda, poderiam não só limpar sua barra pelo colaboracionismo anterior, como tornar a
Folha  um jornal atraente para a classe média cada vez mais insatisfeita com o regime militar. Um ovo de Colombo que lhe garantiria, a médio prazo, a liderança do mercado brasileiro.

Deram carta branca para o trotskista Cláudio Abramo, diretor de redação, recrutar alguns dos maiores talentos do jornalismo brasileiro, oferecendo-lhes um porto seguro numa época em que tantos veículos temiam acolhê-los ou impunham-lhes restrições castradoras.

Então, os textos da Folha passaram a ostentar assinaturas vistosas como as de Alberto Dines, Gerardo Mello Mourão, Glauber Rocha, João Batista Natali, Lourenço Diaféria, Luiz Alberto Bahia, Newton Rodrigues, Osvaldo Peralva, Paulo Francis, Perseu Abramo, Plínio Marcos, Tarso de Castro, etc., todos escolhendo seus assuntos sem restrições editoriais (apenas não podiam ir além do que a ditadura conseguia digerir) e desfrutando de espaços generosos.

Além disto, formou uma valorosa equipe de repórteres especiais, com destaque para Ricardo Kotscho, passando a desenvolver um apreciável jornalismo investigativo.

Em setembro de 1977, uma crônica descuidada do Lourenço Diaféria serviu como pretexto para o II Exército exigir a destituição de Cláudio Abramo, pondo fim à primavera da Folha

Parte da equipe se dispersou, parte permaneceu fazendo textos mais comedidos. De todo modo, o jornal já dera a arrancada decisiva, conquistando uma imagem de originalidade e independência que conseguiu manter mesmo com Boris Casoy como diretor de redação. escolhido por ser aceito sem restrições pelos verde-olivas.
Manchete hilária: o Estadão acreditava que o 
poder seria saneado e logo devolvido aos civis
.

 
Surpreendentemente, Casoy foi até mais comedido em suas devoções direitistas do que o patrãozinho  Otávio Frias Filho, que resolveu assenhorar-se do brinquedo em 1984 e se revelaria de corpo inteiro em fevereiro de 2009, no famoso editorial da ditabranda, quando a Folha grotescamente tentou provar que Sérgio Fleury e Brilhante Ustra exterminavam esquerdistas sem perder a ternura jamais... 

Não lhe nego o mérito de haver engajado a Folha na campanha das diretas-já, mas se tratava de uma decisão obrigatória, já que os leitores do jornal eram maciçamente pelo fim da regime.

Enfim, as preferências dos jornalões e do grande empresariado mudam com frequência e, no momento, os dois jornais devem estar considerando que a derrocada do bolsonarismo seja fato consumado (até o centrão já começa a descer do muro, sinalizando que não quer de volta os altamente tóxicos macaquinhos amestrados do Trump).

Secundariamente, empenham-se em evitar que o Supremo acumule poder demasiado e que o bom desempenho do Lula na Batalha de Itararé... quer dizer nas escaramuças tarifárias, lhe garantam um quarto mandato.

De resto, a cada maluquice voluntarista do Trump fico mais convencido de que, como fui um dos primeiros a escrever, ao colocar em xeque uma institucionalidade que favorecia aos EUA e não o contrário, Trump pavimenta mais um trecho do caminho que levará o seu país à segunda prateleira das nações capitalistas mais poderosas.

Não são demonstrações de força, mas sim meros blefes e cortinas de fumaça que antecedem a queda. (por Celso Lungaretti)

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